quinta-feira, 21 de janeiro de 2021

Capítulo 3-Meu inimigo, seu aliado, está por perto

 Faltava pouco para às sete da manhã, Ariellye corria pelo bosque suada e ofegante. Ao chegar perto da ponte que ligava o bosque a floresta, uma sensação estranha passou por ela como se já houvesse estado lá, um flashback passou pelos seus olhos: viu a si mesmo correndo, a noite, a sensação de estar sendo seguida. Despertou do pensamento, disse para si que o que viu era uma loucura.


-O que é uma loucura?


Leonardo estava atrás dela, vestia calças pretas, botas da mesma cor bem amarradas, uma camiseta vinho de manga longa que ele mesmo tinha deixado pouco abaixo dos cotovelos, estava presa ao sinto da calça.


-Te assustei?-disse ele.


Ela apenas o encarou ainda tentando recuperar o fôlego.


-O que faz aqui sozinha?

-Correndo.


Leonardo deu um passo para frente ficando mais perto dela, a encarou ainda mais sério.


-Não é seguro vir aqui sozinha-Ariellye ficou irritada, ergueu a cabeça e disse sem medo.

-Você não faz ideia do que eu sou capaz-disse com firmeza-Não tenho medo desse lugar, muito menos de você.


Saiu sem olhar para trás, seguindo para os dormitórios. Distante o suficiente para não vê-lo ou ouvi-lo, Ariellye não percebeu quando Victor saiu da floresta e se aproximou do instrutor sem ser notado.


-Audaciosa, não?-disse ele.


Leonardo se virou para Victor erguendo sua espada-uma katana de punho vermelho, escondida no anel que todo instrutor usava-.


-Você não deveria estar aqui.

-Não pode me manter longe dela, Leonardo. Onde Ariellye está, eu estou.

-Acho que não entende a importância dela. Fique longe. É o último aviso.

-Eu vou-sorriu arqueando as asas-Mas nos veremos em breve.


Victor voou deixando o irmão na ponte.

                              🔱

Ariellye entrou no quarto tirando os fones de ouvido, sem notar a ausência de suas colegas de quarto, abriu uma porta do guarda-roupa e tirou de dentro de uma caixa de madeira uma foto de sua casa em Oxford, atrás havia algo escrito: "NÃO ESQUEÇA DE QUEM VOCÊ É. -V"


Ela não percebeu Kira saindo do banheiro vestida com o roupão de algodão azul e cabelo ceco recentemente pelo secador. Kira notou a postura cansada e o envelope nas mãos de Ariellye, a curiosidade foi maior e tentou se aproximar para ver.


-Espionar também é um hobbie?-disse Ariellye surpreendendo Kira.

-Como foi que me viu?

-Não vi. Se quiser espionar alguém sem ser notada aprenda a controlar sua respiração.


Kira ficou sem palavras por alguns instantes encarando Ariellye com um olhar surpreso, sendo encarada de volta pela colega.


-É melhor tomar um banho-começou Kira mudando o assunto-Precisamos estar no auditório daqui a pouco. Uniforme tradicional. É o primeiro.


Ariellye guardou os tênis que usara para correr e entrou no banheiro. Minutos depois saiu e se arrumou vestindo uma camisa branca social totalmente abotoada que ficou por baixo de um colete justo em cor preta, a saia da mesma cor era de pregas e rodada sempre na altura do joelho por cima da camisa, colocou as meias que iam até as suas coxas e calçou os sapatos pretos de salto pequeno presos ao peito do pé por uma tira de couro que terminava enrolando tornozelo, fez um semi preso deixando alguns fios soltos no rosto, pois o blaizer preto o abotoando.


Ela saiu um pouco depois de Kira, que estava vestida da mesma maneira com cabelo solto.

                              🔱

Todos os alunos de Monthegrover subiram para o auditório, as meninas estavam vestidas como Ariellye e apenas os cabelos eram diferentes, os meninos vestiam o uniforme tradicional: camisa branca toda abotoada por baixo do colete preto, calça social preta assim como os sapatos, o blaizer preto abotoado.


No corredor fileiras de seguranças em ambos os lados formavam o caminho até o auditório, no meio do corredor havia uma curta escada dentro de uma entrada que levava as portas da grande biblioteca, ao fim do corredor estava a entrada do auditório.


O lugar estava com as portas duplas de madeira abertas com segurança em cada batente, dentro havia dois conjuntos de cadeiras estofadas em tecido vermelho e contornadas por ouro, organizadas em inúmeras fileiras, no meio havia um comprido tapete que descia os largos degraus onde ficavam as fileiras terminando pouco antes do baixo palanque onde havia um cercado de madeira no fundo com uma entrada no meio, após ele estavam os dez conselheiros da diretora sentados em cadeiras confortáveis, a frente do cercado havia uma estrutura de madeira com um microfone. O chefe de segurança estava do lado do cercado assim como o líder dos instrutores, o coordenador dos professores e o vice-diretor ao lado de Margareth.


Os alunos entraram sentando atrás dos professores que ocupavam a primeira fileira, quando as cadeiras acabaram os que restavam subiram pelas escadas laterais de madeira para o segundo andar-que terminava na metade do salão-protegido por grades de madeira. Ao redor dos alunos os seguranças se posicionaram, e pouco antes da diretora Marcela entrar por uma porta pequena que havia atrás do palanque, as portas se fecharam.


Marcela entrou usando um vestido justo azul marinho e saltos médios, ela era uma mulher de pele negra, olhos castanhos e estatura mediana, seus cabelos cacheados e volumosos estavam presos em um rabo de cavalo, ela sempre estava bem vestida e elegante, era o tipo de pessoa que passava graça e respeito onde chegava.


Todos levantaram sentando após ela acenar com a cabeça.


-Sejam bem-vindos a Monthegrover!-ela disse esbanjando alegria-Muitos de vocês estão aqui a mais tempo que outros, mas não se intimidem novatos, o valor de vocês é o mesmo! Estão aqui para lutar pelo nosso mundo, lutar por Cônjure. Vocês nasceram com um propósito. Bem vindos a sua casa.


Os alunos aplaudiram, levantando uma das mãos a diretora conseguiu o silêncio de todos.


-Ano passado passamos por duas perdas. Elisabeth Hastings e Igor Fox decidiram deixar Monthegrover. Que cada um de vocês tenham convicção de quem são e para que foram chamados. Que a ganância, orgulho e insegurança não os corrompa e que o medo não os desviem. Obrigada.


Da última fileira à primeira os alunos saíram organizados. Alguns foram para a biblioteca, outros se espalharam pelo colégio, mas todos escutaram quando Margareth falou pelos alto-falantes presos nos cantos do teto.


-Atenção alunos. Às 10:30 dessa manhã todos deverão comparecer ao ginásio para a anual Seleção. As roupas que deverão usar estão em seus armários no vestiário. O uso do uniforme e a pontualidade são obrigatórios.

                              🔱

O quarto estava em completo silêncio, Kira relaxava ao som de uma canção instrumental tranquila, fazendo exercícios de respiração descalça no colchonete no chão, Anísia estava sentada na escrivaninha anotando algo em uma agenda verde-água de couro-com alguns prendedores de papel e marcadores que fixavam para fora-, Ariellye observava o jardim pela janela escorada uma cortina.


Os pensamentos de cada uma estavam longe dali, mas quando o relógio de cabeceira de Kira despertou às 10 horas em ponto Ariele e Anísia deixaram tudo de lado e foram depressa para os vestiários do ginásio. Kira abriu os olhos com o fechar da porta, calçou os sapatos, ajeitou as mangas da camisa e vestiu o blaizer.


Em poucos minutos todos os alunos estavam sentados na arquibancada do ginásio, vestidos com a tradicional roupa de treino: camiseta de manga longa cinza,  calças pretas e tênis confortáveis da mesma cor.


O ginásio ficava no fim do primeiro corredor à esquerda depois da entrada do colégio, era grande e frio, com um palanque de concreto baixo rodeado pela arquibancada alta, oposto a entrada havia uma porta dupla fechada trancando os centros de treinamento.


Quase perto das 10:30 da manhã, depois que todos estavam sentados, Maxon Korkovich entrou com as mãos nos bolsos e o ar de superioridade, viu Anísia sentada quase isolada no topo da arquibancada e foi em sua direção, mas ao começar a subir uma garota loira de cabelos lisos na altura do ombro, olhos cor de mel e pele perfeita, aquela era Melanie Chanderle, uma odos- manipulador do clima-.


-Maxon-disse sorrindo-senta com a gente.


Ele a olhou de baixo para cima e sem qualquer expressão seguiu para Anísia.


-Deveria ter sentado com eles-disse Anísia com mansidão sem olha-lo.

-Eu prefiro a sua companhia.


Os instrutores entraram ficando em fila atrás de Carlos, a diretora Marcela também entrou ficando ao lado dele junto com uma mulher pouco musculosa e de postura rígida como um soldado, se não fossem pelas rugas ninguém diria que estava à beira dos 45 anos, era Paola Vulcan instrutora dos dominantes do fogo, os érifes. Todos ficaram em silêncio.


-Bem vindos a Seleção-disse Marcela-Vocês tem um propósito e estamos aqui para ajudá-los a encontrar. E para isso, durante o tempo que estiverem aqui serão preparados por seu instrutor para serem patronos reais. Aqui serão testados para serem escolhidos por um deles-apontou para os instrutores-Boa sorte.

-Primeira dupla a lutar: Melanie Chanderle e Ariellye D.Collins. Ringue-disse Paola.


Ao contrário da maioria Melanie nasceu e cresceu em Monthegrover, treinada desde pequena por Carlos, filha do magnata Stephan Chanderle-uma lenda do exército de Cônjure-. Não era difícil de entender a reação de temor na maioria dos alunos, afinal todos sabiam quem ela era e Ariellye era apenas uma novata.


Elas foram para o centro, aquela altura os instrutores e os de mais estavam do lado de fora observando tudo.


-É simples-começou Paola-Ariellye você precisa defender de alguma maneira os golpes de Melanie. Tudo acaba quando uma de vocês sair do ringue.


Paola ficou junto a diretora fora do ringue, dali gritou para que ambas começassem.


-Relaxa-disse Melanie-Defenda alguns golpes e depois desista. Assim você não é humilhada-ela sorriu e era nítido que a maioria dos alunos concordava.


Ariellye apenas a escutou observando cada movimento. Melanie tomou posição de ataque, serrou os punhos, deu alguns passos ao mesmo tempo que tentou acertar um soco que Ariellye segurou com uma das mãos, a novata contra atacou com uma cotovelada no maxilar, passou por baixo do braço que segurava o torcendo e finalizou com um chute em uma das pernas, a deixando de joelhos.


-Subestimar seu inimigo foi o primeiro erro-disse Ariellye-O segundo foi a sua arrogância.


Melanie surpresa, assim como todos a sua volta, levantou e encarou a menina.


-Você lê alto ajuda?Que gracinha-ironizou.


Ambas estavam próximas, retomaram a luta:Melanie atacando e Ariellye defendendo, os movimentos sempre rápidos. A filha de Diana foi derrubada com uma rasteira e imobilizada com uma chave em seu pescoço.


-DESISTA!-ordenou Melanie.

-Não.


Ariellye usou seu braço livre e acertou com uma cotovelada as costelas da rival duas vezes, saiu da chave levantou recuperando o fôlego. Não esperou Melanie reagir, imobilizou um dos braços da rival quase o quebrando, provocando dor.


-Admita derrota e eu solto-disse ela.


Melanie tentou resistir, mas a dor foi maior que seu orgulho, admitiu derrota. A grande maioria dos alunos ficaram pasmos, alguns como Kira pareciam gostar, mas todos a observaram enquanto voltava para o lugar derrotada.


Ariellye subiu a arquibancada observando os instrutores que escreviam algo em sua ficha na prancheta que tinham em mãos, mas a satisfação pela vitória permanecia.


-Então essa é ela?-disse Maxon para Anísia.

-Admirável, não?


Maxon se virou para ela e, apesar das palavras grosseiras que diria em seguida, seu tom de voz foi calmo e suave.


-É notável que ela teve o mesmo treinamento que você e eu tivemos em Cônjure. Mesmo assim ela consegue estar em nível abaixo de nós. Se Ariellye é a escolhida do Cetro, então é uma decepção.


Anísia apenas suspirou voltando o olhar para Paola, que anunciava a próxima dupla: Carter Shepard, irmão mais novo de Lex, e Hios Snape, o novato de cabelos pretos como o carvão com a pele pálida e esguio.


Ariellye reparou que as lutas foram equilibradas, sem competição, os novatos mais esquivavam do que defendiam, os veteranos davam golpes leves e fáceis de defender, mas ninguém estava no nível de Melanie e, pelo ego que demonstrou ter, Ariellye sabia que a derrota teria consequências.

                              🔱

Quase três horas depois a Seleção havia terminado e desde o final daquela manhã os instrutores estavam reunidos em sua própria sala de reuniões, que ficava pouco antes da diretoria. Eles decidiam quais dos novos alunos treinariam a partir daquele ano, Marcela também estava presente concordando e descordando das escolhas.


Os nomes de Ariellye, Anísia e Maxon surgiram, alguns instrutores discutiram afirmando que seriam ideais para treiná-los, o falatório foi interrompido pela diretora quando a mesma disse que já havia decidido quem os treinaria.


-Sei que vocês são capazes. Mas meu dever não é com apenas com o meu cargo, e sim, zelar pelos interesses do reino. Ariellye é a escolhida do Cetro, tudo o que sabemos sobre seus dons é que pode ser uma sótna. Ela precisa se encontrar e aprender a confiar em nós. Por isso elegi Marie para instruí-la.

-Como minha equipe de treino é praticamente toda do segundo ano, não vou ter problemas em me dedicar ao máximo à ela-disse Marie.


Os instrutores que discutiam antes foram obrigados a concordar, afinal era uma questão muito maior do que eles e seu reconhecimento.


-Quanto aos imperiais proponho o seguinte-continuou Marcela-Maxon já está muito a frente, tem total domínio de seus dons e ótimas habilidades de luta, seu destino é certo, ou seja, não há muito o que oferecer a ele, mas como insistiu em ficar em Monthegrover Maxon vai direto para o segundo ano e será treinado por Thomas. Suas personalidades são parecidas, vai conseguir lidar com ele.

-E quanto a Anísia?-questionou Carlos-Sabemos que é uma senekra e pela energia que liberou na fronteira seu segundo dom pode nos destruir.

-Tem razão. Por isso quero que você a treine. Carlos você foi um dos primeiros instrutores e hoje os lidera, é ideal para treiná-la.

-Não seria melhor colocar ela em uma das equipes? Afinal Anísia precisa trabalhar em equipe.

-Não, não posso arriscar a vida dos outros alunos colocando ela em uma equipe. Pelo menos até que ela controle e esse trabalho estou com você.

-Tudos bem-disse Carlos-Mas vai ser do meu jeito.


A reunião durou um pouco mais, a diretora finalizou dizendo que os treinos começariam já no dia seguinte e, antes de deixar os instrutores, Marcela chamou Leonardo para sua sala, que saiu após ela.


-Margareth informou que um conhecido seu está aqui-disse no caminho-Seu irmão, certo?

-Seu braço direito andou me espionando?

-Não Leonardo. Victor está na minha sala.

-O que?-parou espantado-Ele é perigoso! Está rondando Ariellye! A vigiando!

-Até onde sabemos ele está protegendo Ariellye. Por algum motivo Diana confia nele, mas eu não. Sabemos que ela fará de tudo para tirar a filha daqui. Acho que ele está aqui para garantir que não vamos mudá-la.


Eles continuaram até entrarem na sala da diretoria, passaram pela secretaria: um espaçoso e redondo salão com três mesas bem postas nos extremos, a do meio era de Margareth que ficava a frente de uma parede cinza e sem nada-um tesouro patronico deixado por Iris, a quinta guardiã, que com o toque de um desconhecido levava a qualquer lugar perigoso-. O braço direito da diretora tocou a parede e uma escada caracol de concreto surgiu dentro dela. Eles subiram por ela até chegarem a porta da sala, onde Victor os aguardava tranquilamente, sentado em uma das cadeiras a frente da mesa da diretora.


A sala era pouco iluminada, livros e artefatos pessoais estavam organizados nas estantes embutidas nas paredes, a armadura antiga de Marcela estava exposta junto com a espada ao lado da janela escondida pela cortina pesada, um lustre grande de cristal pendia do teto e iluminava o lugar.


Marcela sentou em sua cadeira confortável apoiando os cotovelos na mesa envernizada e encarou Victor.


-Victor Vanvarder-disse ela-Eu sei de seu parentesco com Leonardo, mas não confio em você . Que fique claro.

-E não deveria confiar-sorriu-Mas conquistar sua confiança não é o meu alvo, e sim, a proteção de Ariellye. Estou aqui apenas para informar que vou estar por perto, vocês gostando ou não.

-Você não é bem vindo-disse Leonardo.

-Na sua casa também não. E não é por isso que vou deixar de visitar você. Bom-levantou-o recado está dado. Com licença.


Victor foi embora. Com um sinal de consentimento Marcela dispensou Leonardo, que foi em seguida. O irmão mais velho atravessou o corredor ignorando Marie ao passar por ela, mas ao vê-lo a instrutora tremeu, paralisou, ela olhou para Leonardo, sendo encarada de volta, e com um sussurro disse para ele: "Ele voltou!"

                              🔱

O primeiro dia foi cansativo para Ariellye, depois da Seleção percebeu que alguns alunos a olhava de maneira ofensiva ou temerosa, passou o tempo tentando ocupar sua mente com leitura ou música, mas nada pôde negar para si mesma que os olhares a incomodava.


Anoiteceu, Ariellye estava sozinha no quarto olhando alguns alunos que ainda estavam no jardim, com os pensamentos fixos no passado.


         Inglaterra, 5 Meses Atrás

Era o dia mais quente daquela semana, Diana e a filha treinavam contra ataques no jardim da mansão.


-Filha, eu e seu pai estávamos conversando-disse sem parar o treino-e decidimos que você vai para Monthegrover.

-O que? Por quê?-disse Ariellye parando a defesa. 


Diana desaprovou a atitude da filha.


-Nunca se distraia, nunca-disse zangada-Em todo caso Oxford não é mais seguro para nós. Se Marcela nos encontrou significa que os desertores também vão e por mais que eu não goste, Monthegrover é o lugar mais seguro agora.

-Mas mãe...

-Primeira regra-interrompeu retomando o treino.

-Não confie em ninguém.

-Segunda?

-Nunca abaixe a guarda.

-Terceira.

-Você pensa, você age, você é a arma.

-Certo-pararam-Lembre das regras e ninguém vai te mudar.


A lembrança desapareceu e Ariellye notou que não estava mais sozinha, Kira e Anísia haviam entrado no quarto a tempo suficiente para se prepararem para dormir. Elas não disseram nada umas para as outras, apenas apagaram as luzes e se deitaram.


As horas passaram e logo o relógio marcava mais de meia noite, o quarto estava quase silencioso, o único barulho que havia era o da respiração de Ariellye que ficava cada vez mais ofegante. Era novamente o pesadelo: ela correndo da criatura na floresta escura em direção ao precipício. Mas algo estava diferente, a energia que liberava toda vez que tinha o pesadelo estava mais forte, tanto que Kira acordou sufocada por ela, tentou conter o efeito dentro de si, mas nunca havia sentido tanto poder.


Levantou, cambaleou até a porta para pedir ajuda, mas antes que abrisse ela desmaiou.


Aquela energia continuou crescendo, ficando cada vez mais forte, precisava ser detida, e foi. Anísia caminhou até Ariellye como se nada tivesse acontecendo, segurou a cabeça da menina, ainda presa ao pesadelo, e começou a drenar aquela força.


-Você precisa acordar Ariellye-disse.


Capítulo 3-Meu inimigo, seu aliado, está por perto

 Faltava pouco para às sete da manhã, Ariellye corria pelo bosque suada e ofegante. Ao chegar perto da ponte que ligava o bosque a floresta,...